A primeira escola de Araçatuba

Escrito em 18/01/2024
Professor Euclides Paes

A primeira escola de língua portuguesa instalada em Araçatuba foi a EEPG Cristiano Olsen, com ensino de 1º a  4º Ano. Sua fundação ocorreu em 1923, quando já havia na cidade ao menos uma escola de língua japonesa, edificada com verba dos colonos japoneses e do governo nipônico. Em 1930, com a vinda do professor Joaquim Dibo, de São Carlos, é criado o Ginásio Municipal. Nessa época, Valadão já morava em Araçatuba, e, atento à situação da Educação no município, reúne informações que mais tarde, como gestor municipal, nortearão sua atuação na área.

Na Zona Urbana havia algumas poucas e pequenas escolas particulares funcionando nas residências dos professores, e insuficientes para a demanda da população, além de cobrarem mensalidades que nem todos podiam pagar. Havia uma escola particular situada no Hotel Metrópole, de Carlos Exner, e com a professora de português e alemão, sua filha Carlota Exner, antes da eclosão da II Guerra e do acordo brasileiro com os "aliados".

Na Zona Rural havia escolas nas fazendas, criadas pelos donos das propriedades, e com professores remunerados pelo Estado. Nada que chegasse perto da quantidade das escolas rurais japonesas, que tinham os prédios construídos, e professores pagos pelos próprios colonos. Em Água Limpa chegou a existir uma escola desde 1917, que além de ensino bilingue (japonês-português), e ensino de poesia japonesa tanka, chegou a ter ginástica rítmica e olímpica para seus alunos. Logo, a parte japonesa de Água Limpa tinha duas escolas, e todas as colônias rurais japonesas ao redor da cidade, construíram escolas e contrataram professores japoneses. Desde 1921, havia 33 escolas japonesas em Araçatuba, enquanto que em todo Estado de São Paulo eram 66. Algumas colônias italianas construíram algumas escolas, porém poucas, e de ensino igual às oficiais, públicas. Já em 1929, tínhamos 41 escolas japonesas na zona rural e urbana, e além das particulares brasileiras. A situação das escolas públicas continuava inalterável.
Desde 1936, um documento importante publicado no meio japonês e nissei era a declaração destes últimos, publicado num jornal estudantil da USP, de que eles se sentiam descendentes do Japão, mas não podiam amá-lo como uma pátria. Contribuiu para isso a proibição, desde 1930, do ensino tradicional das escolas japonesas, e estes passaram a ser encarados com desdem pela comunidade, o que só fez com que se envolvessem mais com os brasileiros. Em 1937 surge em Araçatuba uma liga para unir as 19 associações japonesas rurais e urbanas na rua Princesa Isabel, 187. Ο local funcionava como agência de correio. O grande fluxo de correspondência em média 1.148 cartas por mês, além de 33 mil jornais em japonês - significava uma vitória cultural bem longe da pífia alfabetização brasileira.